25.1.07

poeta e sua imagem I


CENA 10 – INT - EU – VOCÊ - PALVRAS – E - SOM 
     Que céus se puseram ali, no lago interior dessas rosas abertas?
      O céu inteiro cabe no espaço de uma rosa. O mundo vem vier num perfume; a intensidade de uma beleza intima condensa as belezas de todo um universo. Depois, em um segundo movimento, essas rosas mal podem elas caber em si mesmas, muitas, repletas, transbordaram de um espaço interior, numa plenitude vasta, sempre mais vasta, até que todo o verão, torne-se um quarto, um quarto de um sonho.
      Todo o verão está dentro de uma flor; a rosa transborda de um espaço interior e no plano dos objetos; o poeta nos faz viver os dois movimentos. O poeta busca ao mesmo tempo a intimidade e as imagens; faz isso com uma estranha pureza de abstração, descartando as imagens imediatas, sabendo bem que não se faz sonhar descrevendo. 
      Como está musica – percebe como ela se contrai? Feito uma pessoa que tivesse levado um soco inesperado.Bem na boca do estomago. Depois se estende outra vez. Lentissimamente está ouvindo? E daqui a pouco, quando entra o acordeom presta atenção. Você percebe, que quando volta o acordeom tudo se abre. 
Me diz? o amor, o amor cara. O que eu faço com isso?
 
Feche os olhos e segure firme na minha mão, não tenha medo e nenhum sintoma de ansiedade; porque está tudo bem. TUDO BEM quero que você escute da minha voz essas duas palavras – T-U-D-O-B-E-M, assim como uma espécie de mantra, como uma perspectiva dialética, para obtermos todos os elementos dos jogos de imagens, imagens assim: unidas, unificadas, sobrepostas, para subirmos até o ultimo ponto.  Lugar dos sonhos de intimidade. Mas agora apaga a luz, isso apaga a luz. E um beijo. Mais um. Mais outro. E entre no labirinto como uma criança em sua vontade de anatomia a rasgar suas próprias roupas. E antes de voltar a acender sua chama, permita-me decorar seu rosto; todas as linhas, formas e contornos assim como a vontade de Eros nos permite.
 
 
Tiro minha roupa aos poucos, e completamente nu, começo a girar de braços abertos no meio da sala. Remoto. A cabeça ainda gira e no meio da tontura. Não afasto o corpo para que você entre. Mas você já entrou. Estendo as duas mãos, toco em seus ombros. De frente. Graves como se permite ao poeta e sua imagem. O que eu quero? Você sorri. Vontade de pedir silencio, pois já não é necessária mais nenhuma palavra. Um segundo antes ou depois penso e falo ao mesmo tempo: 

Quero ficar com você!
 
CORTE PARA A IMAGEM DE UM CÉU COM ESTRELAS, UMA LUA BRILHANTE SOBE O MAR VERDE OLIVA DA BAHIA.

Thiago Romero