7.12.06

Transito


Eu vivo em trânsito. Transito em mim, mas não encontro nada. Nem pensamentos, nem lembranças. Fico assim nessa velocidade desenfreada. Não lembro. Não conto. Tenho um vicio de guardar tudo bem lá no fundo, de esconder, de deixar tudo assim: nessa velocidade estática.

Sonho? Sonho sim!

Um rapaz de pele morena, dentes fortes um sorriso espontâneo, e uma pele macia. Dentes, muitos dentes brancos. Um sorriso que me diga que algo não foi passado, que está tudo ali, no real. Não que eu viva na poesia, mas ela me conforta, me expande. É do instante poético que falo. É nele que relato toda essa vontade de poder andar em alguns centímetros acima do chão. De me molhar na chuva e de senti-lo aqui. Em cima, dentro... De lembrar do suor dos cabelos dele escorrendo rumo ao meu corpo.

Atrás da ilha surge uma luz âmbar...

Sou um vaidoso, um adorador do escândalo, queria ser o primeiro a parar de contar as horas, queria poder dispensar a previsão de que todos esses momentos pudessem um dia voltar. Olho no fundo dos meus próprios olhos e tento descobrir a verdade.

Uma praia deserta e um rapaz branco passa,

Passaríamos assim se fossemos transeuntes normais, mas não desejamos o encontro, as línguas se misturando, e te encontro e um sorriso paralisa, talvez tudo pudesse ser ameno se o tempo não fosse um trem que corre para fora de mim...

O vento corre pela noite e a lua avisa que logo o dia vai raiar

Thiago Romero