6.12.06

Dos amanhecimentos


Eu não sou esse mar calmo, nem esse vulcão preste a entrar em erupção; prefiro apenas que chame como aquele que se precipita; não tenho tempo de ida, sou daqueles que fica, permanece sempre a beira do abismo no limite possível de aproximação entre a aceitação da noticia e o reconhecimento dela, eu a s vezes queria ir, mas não vou; eu fico, permaneço, amanheço, tardo, e anoiteço; sempre aqui... Vou ficando...Continuando a tingir meus muitos cabelos a espera desse vento bom, e eu me pergunto: onde se encontra o coração de tudo isso? Essa estranha vontade de desaparecimento me assusta, pois não sou daqueles que tem a invisibilidade como trunfo; eu não ganho, nem perco, eu simplesmente não jogo... Meu jogo vem apenas desse corpo disposto que arde, que treme... Eu ardo; ardo de um calor inexplicável... Minha boca não fala, ela não consegue traduzir em palavras o que meu corpo sente, e displicente o meu corpo continua ardendo, derretendo como se o sol o queimasse de uma forma nunca vista. E se um dia eu não estiver mais aqui? Não... Eu não te pergunto isso... Pergunto a mim mesmo agora: e se um dia eu perceber que não estou mais aqui?... Por isso agora vou me reunindo juntando minhas coisinhas, porque o amor não dura tanto... Esse azarão está sempre disputando sua ultima corrida. em busca de que? Eu não sei... O que eu sabia e sei é que agora exatamente agora eu estou nu, porque quando a verdade é dura a injustiça é uma puta... Queria ter um vidro de cola agora para poder passar nas minhas mãos, só para poder ter a sensação de retirar a minha pele, como se isso pudesse me fazer ver que existe uma pele e que esta pode ser retirada.

P.s: Agora existe um muro na minha frente e eu não sei se vou conseguir subi-lo sozinho... e aquele anuncio ainda não acendeu...

Thiago Romero