7.12.06


Tenho sim, urgência da vida. Mas é urgência pelo excesso de sentimentos, pelo segundo que parece eterno. Por esse tempo alongado só porque você não está aqui. Ou só por coisas que me atormentam e não me deixam seguir. Ou só porque tenho a mania boba de estar sempre agora e de às vezes acreditar que é isto mesmo. Queria um agora menos intenso e acreditar que este tempo pode ser mesmo vazio ou simplismente calmo. Um tempo sem tormentas e alucinações, em que vejo o tempo passar. E não me angustio disto. O tempo passa e continuamos aqui. A chuva vem e sinto o seu cheiro. Tenho sede e pego um copo d`água. Mecho em minha sonbrancelha para esquecer e escrever. Mas ao escrever não esqueço. Pelo menos por agora. Procuro a música para me acompanhar. Ouço a música e ouço a chuva. E me alegro disto. Alegre talvez não seja a palavra. Mas enche meu peito de uma substância, que é energia correndo. E isso, não posso negar. E é sempre assim. O tempo passa e continuamos aqui. Ouvindo as portas baterem e se abrirem eternamente. Até o momento de não se abrirem mais e permanecerem fechadas.

Mariana Ribas