16.1.07

A felicidade

A felicidade

É que só sabemos ser íntimos...eu só sei ser íntima. E escrevendo digo coisas que nem sei. Vou sendo. E por vezes tenho medo de ser. E de me deixar ir. Vou muito sempre. Embarco em barcos sem rota. Não sei em que porto chegar e se vou chegar. Caminho entre os intervalos das coisas. Transito nos instantes e não tenho como voltar. Porque estou sempre na rota do agora das coisas. Estou no tempo que já passou e continuo nele. No tempo que é agora. No tempo de digitar meus pensamentos. No piscar incessante no parágrafo seguinte que já foi e ainda é. Ainda sou eu escrevendo? Sou. Algo além de mim ainda sou eu. E acho felicidade nisso. Eu sou muitas, mas só uma. Só uma. Que se alegra e agradece. Sim me alegro! E quando estou feliz eu sou. Vejo pedaços de mim e distribuo para os outros. Como não dizer que hoje vi Arnaldo e tentei deixar um pedaço de mim com ele. Queria que ele me guardasse um pouco. Ele leu algum de seus textos e fiquei extasiada. O tempo. Tempo. Tempo. O meu tempo acabará comigo no meu fim. Sou feliz quando escrevo. Mesmo que seja uma felicidade de dor. Mesmo que me doesse aquele momento, ainda assim é felicidade.
Mariana Ribas