25.1.07

O poeta e sua imagem II


CENA 13 – INT – NOITE – UM – ESPAÇO – PARA


Todas as imagens podem ser substituídas por um simples sorriso; assim como uma rosa em botão preste a aflorar, liberando suas pétalas para sorrirem livres porem unidas provocando uma gargalhada como uma platéia que aplaude uma cena no meio do espetáculo.

Você sabia que o figo é uma flor que abre pra dentro? É o figo é uma flor que abre pra dentro. Como um beijo. Quando duas bocas se unem e se conectam, é como um figo maduro preste a ser degustado.

Eu gosto tanto de você, garoto... Gosto como uma imagem em cinemascope; ainda posso sentir o meu rosto ao lado do seu, pouco abaixo apoiado no seu peito e sua língua vagando e fazendo os corpos serem apertados um contra o outro. Mas agora, novamente apague a luz. Isso mais uma vez apague a luz. E um beijo leve, com lábios molhados, com cuidado e vagar, até onde a barba termina e começa a pele lisa. Mas desta vez desequilibra-se um pouco antes de tombar rolando para cima de mim. Isso. Provocando um contato morno na perna direita, chegando no joelho, avançando pela coxa até deter-se móvel, circular em sua braguilha. O ruído da voz, o silencio do campo, o deslizar do zíper da calça sendo abaixado e dedos penetrando feito cobras lentas, afastando os panos, os pelos.

Beba mais um gole de conhaque e sem sentir, provoque seus dedos no ritmo da musica, acelerando cada vez mais, fazendo sair um calor inexplicável, depois um braço passando em torno dos meus ombros quase timidamente, como se tivesse medo ser afastado. Assim eu chovo sobre você e percorro todo o seu itinerário, nada por dentro...tudo fora, e nesse breu vou seguindo sem rumo, sem perceber que a palma da minha mão segura firme na sua pele, tentando sentir como seria fácil descolá-la do seu corpo franzino de menino. Mas sem urgência rumo a anatomia humana.

Agora feche os olhos e imagine um jato de luz iluminando primeiro o rosto de um, depois o rosto do outro. Mas não abra os olhos ainda. Ainda é cedo. Tente olhar pra dentro, dentro-e-fora. Porque no sonho tudo é permitido.

Thiago Romero